Primeiro estranha-se. Depois entranha-se.
Estranha-se a mosquitada, a confusão, os medos, a pobreza, as ruas esburacadas e poluídas da capital. Depois entranha-se a alegria das pessoas e o seu calor, as paisagens belíssimas, a necessidade de ajuda, a receptividade, o cumprimentar os desconhecidos na rua.
Hoje comecei a primeira parte do meu projecto, que consiste em fazer um ponto da situação da epidemia de cólera na região de Biombo. Em Bissau as coisas estão feias (já contam mais de 900 casos desde o início da epidemia), e a ONU/UNICEF já deixaram cá 4 tendas de apoio no Hospital Central. Fui com a Rita (que é a organizadora de logística) falar com o departamento da ONU em Bissau, porque foram eles que suportaram financeiramente a intervenção de emergência em 2005, na altura do último surto de cólera. O que eles dizem é que aparentemente estão a observar o evoluir do surto, e não acham que para já seja alarmante, apesar de ter havido um aumento de cerca de 100 casos na última semana.
Depois fui com o Braima, o nosso motorista, visitar os vários centros de saúde da região de Biombo (Dorse, Ondame, Quinhamel, Ilondé, Bijimita e Safim). Foi muitíssimo interessante. Para começar foi uma óptima maneira de conhecer a parte mais profunda do país - muitas das estradas eram de terra batida, com água quase a tapar as rodas, verdadeiramente no meio da selva :) Vimos paisagens lindíssimas, e naquelas estradas atravessa-se de tudo, desde porcos, a vacas, aves de todas as cores, galinhas e esquilos (sim, esquilos!). Depois, aldeias em que as casas eram apenas feitas de barro e colmo, com árvores centenárias a funcionarem como banco da paragem dos toca-toca (os transportes públicos da Guiné, que ainda lembram os pão-de-forma). E sempre que paramos nas aldeias é uma animação, porque um carro não é propriamente coisa que passe todos os dias ali, e os meninos vêm todos acenar e falar connosco.
Por outro lado, isto é o tipo de tarefa que permite ter um contacto mais de perto com os doentes, perceber em que condições eles estão a ser vistos e dar uma mãozita nas avaliações clínicas.
Por outro lado, isto é o tipo de tarefa que permite ter um contacto mais de perto com os doentes, perceber em que condições eles estão a ser vistos e dar uma mãozita nas avaliações clínicas.
Muitos dos centros não tem água potável, no entanto a maioria tem as condições mínimas de tratamento (sais de rehidratação oral ou sistema de soro com lactato de Ringer), e trouxemos uma lista das coisas que faltam para pedirmos directamente na Direcçao Regional de Saúde.
4 comentários:
Ao menos corre tudo bem, e estou a ver que tens muito para ver e fazer.
Depois tens é de mostrar muitas fotos à malta
Ana, fico muito contente por estar tudo a correr bem! vou estando atenta às novidades. um beijo grande com saudades
Vejo que já andas em plena acção humanitária. Espero que esteja tudo a correr pelo melhor aí. Depois tens de mostrar as fotos pq pela amostra que deixas aqui devem ser espectaculares (não te esqueças de tirar ao pôr-do-sol que dizem que não há pôr-do-sol como o de África). Beijinhos e muita força!
Enviar um comentário